Descobrir a doença ainda em estágio inicial aumenta as chances de cura ³
Se há um fator preponderante no manejo dos cânceres em geral, esse é o diagnóstico precoce. Para todos os cânceres, descobrir a doença em um estágio inicial pode significar a cura. Para o câncer de mama esse fator é ainda mais notado. Além do ótimo prognóstico quando um tumor é detectado cedo, o tratamento envolve menos impacto, com cirurgia mais conservadora e eliminação de etapas, como quimioterapia e radioterapia.
E esse diagnóstico só pode ser garantido com uma política ampla de rastreio. No caso do Brasil, com regiões tão heterogêneas e realidades socioeconômicas tão díspares, isso significaria uma ampla política de saúde pública para a realização de mamografias que se comparasse, por exemplo, ao Programa Nacional de Imunização, o PNI.
Entretanto, é sabido que há conjuntos de cidades no país onde não existe sequer um mamógrafo em um raio aceitável de locomoção. Um estudo recente, publicado na Scientific Reports, realizado no Centro de Ciências da Saúde da UFRN pela doutora em saúde coletiva Nayara Priscila Dantas de Oliveira, mostrou que em média, 40% dos tumores de mama foram diagnosticados em estágio avançado no Brasil 2.
Isso talvez porque, dos 3315 mamógrafos existentes no país de acordo com o Tribunal de Contas da União, apenas 2081 1, estão disponíveis para o SUS e para 80% da população que usam a saúde pública, estando pouco mais de 40% dos aparelhos na região sudeste.
Fatores individuais, como nível de escolaridade, também influenciam nesses números, pois quem estudou apenas o ensino fundamental podia aumentar em 38% o risco de ser tardiamente diagnosticada com a doença, em comparação a quem possuía o nível superior completo. A pesquisa também deixou claro que mulheres negras, pardas e indígenas são 13% mais suscetíveis a esse risco, se comparadas às mulheres brancas.
Quando falamos em diagnóstico precoce também falamos em uma enorme economia para a saúde. Na maioria dos casos, um câncer de mama detectado precocemente vai salvar uma enorme quantia dos cofres da saúde, seja com o tratamento, seja com a reabilitação dessa paciente.
E há ainda um custo geralmente não computado que diz respeito ao afastamento do trabalho durante o tratamento e realocação em alguns casos, pois uma mulher com câncer avançado ou metástases dificilmente volta à atividade profissional, gerando uma lacuna financeira para a família.
Nós já temos no calendário brasileiro uma data dedicada à mamografia (5 de fevereiro), criada para conscientizar as mulheres da importância de realizarem o exame anualmente a partir dos 40 anos, mas o dia alusivo não é suficiente, infelizmente, para garantir o acesso e a adesão.
Referências
1. Fisc. Saúde, 2014, Tribunal de Contas da União. https://portal.tcu.gov.br/fisc-saude-relatorio-sistemico-de-fiscalizacao-2014.htm Acesso em 14/09/2021
2. A multilevel assessment of the social determinants associated with the stage diagnosis of breast cancer; Oliveira, N.P.D., 2021.
3. Femama. https://www.femama.org.br/site/br/noticia/entendendo-o-cancer-de-mama-em-estagio-inicial. Acesso em 01/10/2021
PP-LILLY-BR-0495 – outubro de 2021